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segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Princesa Desalento - Florbela Espanca



Minhalma é a Princesa Desalento,

Como um Poeta lhe chamou, um dia.

É magoada, e pálida, e sombria,

Como soluços trágicos do vento!


É fágil como o sonho dum momento;

Soturna como preces de agonia,

Vive do riso duma boca fria:

Minhalma é a Princesa Desalento...


Altas horas da noite ela vagueia...

E ao luar suavíssimo, que anseia,

Põe-se a falar de tanta coisa morta!


O luar ouve minhalma, ajoelhado,

E vai traçar, fantástico e gelado,

A sombra duma cruz à tua porta...

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