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sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Parque dos mortos


Passeávamos, já noite, pelo parque
Do crematório; pela sebe luzia
Juvenil Lua, eu comia migalhas
Do colete, tu de um havano fruías.

Imaginavas negros mourejando,
Abrasadoras plantações. Na tua
Cara julguei perceber algo assim.
Eu, através da sebe, olhava a Lua.

Nem uma palavra. Sim, falar de quê?
Absorviam-nos o suor e o luar.
Nenhures reinou tal paz. Só um grito
De uma ou outra urna calhava soar.


Poema retirado do livro "Contrabando, uma antologia poética", Gerrit Komrij, Assírio & Alvim

4 comentários:

  1. Parece que acertei!
    Não tenho deixado comentários, porque não tenho esse costume, mas andei a espreitar por aqui e gostei.Continua!*

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    1. Obrigada querida! E sim adorei o livro, estou a pensar publicar aqui mais alguns poemas. =)
      Beijinhos

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